Luzes e Tecnologia
NOESIS NOS MEDIA
24 novembro 2022

Dados: Os Principais Ativos das Empresas


Os dados como os principais ativos das empresas e o retorno que estes trazem às empresas.

Os dados são atualmente peças fundamentais no tabuleiro da gestão de qualquer empresa. O seu tratamento e utilização adequada trazem inúmeras vantagens e podem aumentar a produtividade e rentabilidade das organizações.

A Executive Digest falou com Luís Gonçalves, Data Analytics & AI Director da Noesis, por forma a perceber qual a importância da análise de dados, quais os principais desafios e se o novo paradigma exige um novo tipo de liderança nas organizações.

E.D.: Qual a importância da análise de dados para as empresas?

L.G.: Hoje em dia, os dados constituem-se como um dos maiores ativos das empresas, resultante da crescente digitalização de processos. Pois, são capazes de influenciar, substancialmente, diversos vetores que sustentam o funcionamento de uma organização, quer ao nível da jornada do cliente, dos processos de produção como da própria gestão do negócio. Os dados são estruturais. No entanto, os dados per si são inúteis. Uma empresa que capte e armazene dados, não é, de longe, uma empresa com uma cultura orientada por dados nem irá ter resultados com tal prática. Para se ter aproveitamento dos dados é necessário transformá-los em informação e em insights relevantes para o negócio.

E, na verdade, a questão de “converter dados em informação” afigura-se como um dos principais desafios para as organizações. Por se tratar de um grande fluxo de dados, em tempo real, e de ser necessário uma análise direta, que encontre padrões e tendências, capazes de colmatar as necessidades do mercado. Não obstante, a análise de dados sobre produtos/serviços, clientes e mercados é uma parte essencial da estratégia de negócios das empresas e uma fonte significativa de receita e vantagem competitiva.

E.D.: De que forma a análise e tratamento destes pode potenciar os negócios e os resultados das empresas?

L.G.: Aquando trabalhados, os dados influenciam, em grande escala, o desempenho de uma organização, sendo que os resultados não se cingem apenas a uma parte do negócio, mas sim a toda a sua cadeia de valor. Estes resultados, poderão verificar-se em aspetos, tais como:

  • Otimização de Processos de Negócio. Através dos insights, fornecidos pelos dados, uma empresa consegue obter uma visão clara e ampla sobre todos os seus ativos, conseguindo identificar possíveis falhas e respetivo grau de profundidade, impossíveis de serem observadas a “olho humano”. A oportunidade que os negócios têm ao detetar os bottelnecks, com maior facilidade, permite uma implementação de um fluxo empresarial eficiente, redução de custos e processos mais rápidos:
  • Reforço da Experiência do Cliente. Esta última é cada vez mais determinante para a a lifetime value do cliente, pois regista-se uma forte procura por experiências que sejam memoráveis e diferenciadoras. Neste sentido, os dados acrescentam também valor para os consumidores, que passam a ter um melhor serviço e as suas necessidades satisfeitas de forma mais eficiente. A partir dos dados disponíveis é possível aferir e compreender perfis de navegação e pesquisa, media habits, padrões de consumo, entre tantos outros indicadores. Uma utilização inteligente destes dados faz com que as Organizações ajustem a sua oferta, antecipando necessidades dos seus clientes, e aumentando, por sua vez, indicadores como o da satisfação, retenção, conversão e share of wallet;
  • Gestão Data-Driven. Uma cultura data driven ajuda no processo de tomada de decisão dos colaboradores, pois passam a ter uma visão clara e total sobre a performance e oferta do negócio, acabando por tornar as organizações mais ágeis, com maior capacidade de adaptação ao mercado e mais relevantes aos olhos dos seus clientes;

E.D.: A necessidade de as empresas serem cada vez mais Data Driven exige maior capacitação? Estão as empresas portuguesas preparadas para esta transformação?

L.G.: Denotou-se um claro despertar, por parte das empresas portuguesas para a importância da adoção de tecnologias de Big Data e Analítica, na sua estratégia de negócio. Sendo que a grande maioria das organizações se encontra numa fase de Data-Aware, que se caracteriza pela aplicabilidade de dados em, pelo menos um dos seus departamentos.

A este compromisso alocam-se agora novos estágios, como o de Data-Critical– perceção de dados como must-have, em vários departamentos, e tomadas de decisão baseadas em dados- e, por último, Data-Driven- quando a estratégia da empresa é definida pela informação. Todavia, apesar de uma base alargada- organizações Data-Aware – à medida que os estágios vão avançando, o volume de organizações vai diminuindo. Pois, somente empresas de grande dimensão, em Portugal, realizam investimentos que permitem tal evolução.

No entanto, há pilares que integram a cultura data-driven que não estão intimamente relacionados com o volume financeiro de uma organização. Mas sim poderão relacionar-se com a resistência, por parte dos quadros executivos, em recorrer a tecnologias de dados, ou pelo reduzido nível de data literacy dos colaboradores, que se acentua pela falta de incentivos e de desmistificação deste obstáculo.

Para além disso, a utilização de dados nos fluxos de trabalho devem também ser estratégicos e bem integrados, caso contrário diminuirá o buy-in por parte dos trabalhadores da organização. Antes de se proceder à integração das presentes ferramentas, dever-se-á proceder a uma avaliação das necessidades de negócio, optando, igualmente, pela aplicação de tecnologias que impulsionem o trabalho dos seus colaboradores e não o dificultem.

E.D.: Que ferramentas devem as empresas adotar nesta transformação?

L.G.: As ferramentas variam consoante as necessidades e outras características da empresa em questão. No entanto, as empresas devem delinear uma arquitetura de Big Data que que torne os dados corporativos disponíveis acionáveis e democratizados, para que todos os colaboradores tenham acesso.

A aposta em modelos de Machine Learning são vitais para que as organizações consigam antecipar as necessidades dos clientes, melhorando, consequentemente, a interação com estes últimos. Tal avanço permite também reduzir o risco na tomada de decisão.

E.D.: A transformação digital em curso exige um novo tipo de liderança? Que atributos devem ter os novos líderes neste contexto?

L.G.:  Sem dúvida que são necessárias mudanças ao nível da liderança, por se tratar de uma transição que requer a adoção de uma nova abordagem sobre o negócio e por ser um processo que exige, igualmente, resistência por parte das organizações. Por esta razão considero extremamente importante que os líderes adotem uma postura de partilha, isto é, difundam quais os objetivos de negócio que a organização pretende atingir e a que nível é que os dados podem influenciar estes últimos, perante todos os trabalhadores da empresa. Também é necessário que os líderes implementem uma cultura de experimentação, em que o medo de errar desapareça e que se aposte na literacia de dados dos trabalhadores.

Por fim, um equilíbrio entre inovação e resiliência, pois é se necessário investir tempo para que os trabalhadores adquiram determinado nível de maturidade digital e, por não haver nenhuma solução que seja standard a todas as organizações, sendo por isso fundamental ter-se uma visão clara tanto sobre as necessidades da empresa como da jornada composta por desafios que é a transformação digital.

 

Publicado em Executive Digest