Luzes e Tecnologia
NOESIS NOS MEDIA
31 outubro 2022

A Acelaração DIgital Veio para Ficar


O Propósito da Noesis é Apoiar as Organizações no Processo de Transformação Digital

Por Nelson Pereira, CTO at Noesis 

A aceleração digital intensificou a necessidade de as organizações serem cada vez mais ágeis e capazes de se adaptar rapidamente às contingências do próprio mercado. Em entrevista à Executive Digest, Nelson Pereira, CTO da Noesis, explica os principais desafios da empresa para o futuro. 

Executive Digest (E.D.): As empresas com recursos digitais mais avançados mostraram-se mais resilientes atendendo ao actual contexto em que vivemos. Quais as soluções e serviços que a Noesis coloca ao serviço dos seus clientes?

Nelson Pereira (N.P.): Existe uma clara transposição do funcionamento das organizações para aquilo que é o "mundo digital". E, na verdade, se reflectirmos no contacto com as marcas que conhecemos, grande parte dessas interações concretizam-se, cada vez mais, no âmbito digital. A aceleração digital a que temos assistido é transversal a todos os sectores e veio para ficar. Associada a esta aceleração digital, colocam-se vários desafios às organizações, que obrigam a que se transformem, adaptem e se tornem "resilientes" no mundo digital.

Na Noesis, o nosso propósito é precisamente o de apoiar as organizações nesse processo de transformação, tirando proveito do melhor que a tecnologia pode oferecer. Ao longo dos anos, temos inovado no portefólio de serviços e ofertas que colocamos à disposição dos nossos clientes, para dar resposta a todos os temas relacionados com a transformação digital. A nossa oferta está dividida em nove áreas de negócio e procura garantir uma resposta transversal a todos os desafios tecnológicos inerentes à oferta de cada organização. Desde a Infraestrutura, Cloud ou Cibersegurança, passando pelos managed services, mas também intervindo de forma activa nos processos de inovação das organizações, em áreas que são cada vez mais relevantes como Data Analytics, Inteligência Artificial, Automação, sem esquecer o Desenvolvimento Aplicacional e desenvolvimento de Software e as áreas de Quality Assurance e Testes.

Para nós, que actuamos no universo das consultoras tecnológicas é fundamental termos claro que não existem necessidades de negócio iguais, cada um tem as suas especificidades, requisitos e desafios. Isso obriga-nos a ter uma atenção permanente ao mercado, às inovações tecnológicas e ao estabelecimento de parcerias estratégicas com diferentes tecnologias, que nos permitem garantir uma oferta de serviços adequada a apoiar os nossos clientes nos seus desafios de crescimento. 

E.D.: Que outras soluções e serviços gostariam de destacar?  

N.P.: Acompanhamos, na Noesis e no nosso portefólio de serviços, aquilo que são as tendências do próprio mercado. Nestes últimos dois anos assistimos a um forte crescimento da nossa área de IT Operations, Cloud & Security, por exemplo, fruto do próprio contexto, que obrigou as empresas a terem de se adaptar (e aos seus sistemas) a uma nova forma de operar, com trabalho remoto e híbrido, o que representou um desafio acrescido na gestão da sua arquitectura de sistemas, mas também ao nível da segurança.

Por outro lado, todos os temas relacionados com a automação, RPA, com optimização de processos (process mining), integração entre aplicações, foram áreas em que apostámos fortemente, capacitando as nossas equipas e estabelecendo parcerias com tecnologias líderes de mercado e onde temos sentido cada vez mais procura, por parte dos nossos clientes 

Por último, esta aceleração digital intensificou também a necessidade de as organizações serem cada vez mais ágeis e capazes de se adaptar rapidamente às contingências do próprio mercado, tendo, por exemplo, que reduzir drasticamente o seu time to market e a sua capacidade e inovar. Esse contexto foi também um acelerador para o desenvolvimento de soluções low-code, área que apostamos desde 2008 com a tecnologia OutSystems e onde somos, actualmente, um dos maiores players a nível mundial. Ainda relacionado com esta necessidade de maior rapidez e agilidade no desenvolvimento de soluções, enquadram-se todos os temas da Qualidade ou QualityAssurance, que é uma área onde somos historicamente muito fortes, nomeadamente, na área da automação de testes onde a nossa ferramenta própria o Ngine Testing Experience (NTX) tem tido cada vez maior penetração no mercado, não só em Portugal, mas também no Brasil onde temos já um portefólio de clientes muito relevante que utilizam este nosso produto. Esta ferramenta que criámos há alguns anos personifica, no fundo, a nossa visão sobre a inovação tecnológica: aproximá-la das pessoas e delegar funções na algoritmia, para que, neste caso, os nossos clientes, se possam concentrar no seu core business.

E.D.: Como é que a Noesis está a ajudar as organizações a resolver os seus problemas e os desafios mais complexos ao nível da Cibersegurança? 

N.P.: É inegável a relevância do tema de Cibersegurança na agenda das organizações, sendo este um tema que ocupa a principal preocupação para cerca de 60% das empresas, em Portugal. A verdade é que as consequências dos ataques cibernéticos têm sérias implicações para os negócios, que vai para além dos problemas operacionais e prejuízos financeiros, afectando a própria reputação das empresas perante os seus clientes.

A Noesis contempla, no seu portefólio, umframework de segurança assente em competências base, tais como: soluções de monitorização avançada, capazes de identificar todo o tipo de ameaças; de observabilidade e automação; de gestão de acessos e de comportamento dos utilizadores, em multi ambientes, e capacidade de governar o uso de aplicações na Cloud. Para além disso, procuramos dar resposta aos clientes através do uso de tecnologias de ponta, capazes de actuar 24/7, por exemplo, com recurso à inteligência artificial.

O presente framework tem como propósito procurar comportamentos anómalos, ao invés de um enfoque na procura de comportamentos maliciosos. Por outro lado, acrescenta capacidade de análise, servindo de resposta aos limites da capacidade humana. Com pouco esforço, passa a ser possível monitorizar de forma completa as redes e dessa forma actuar em tempo real sobre as ameaças que afectam as organizações 

Este tipo de resposta afigura-se como proporcional aos próprios ataques, cada vez mais complexos e sofisticados e que recorrem, também eles, à inteligência artificial. A utilização da inteligência artificial em soluções de cibersegurança, é uma excelente resposta aos níveis crescentes de ciberameaça, pois permite às organizações protegerem- -se e prevenirem possíveis ataques de uma forma muito mais eficiente, uma vez que tem a capacidade de analisar os dados e visualizar a rede da organização, traçando modelos de segurança, em tempo real, para além de se basearem também em modelos preditivos, de monitorização e análise, com recurso a Machine Learning (ML) e Behaviour Analysis

E.D.: Na vossa opinião, quais são os pilares fundamentais para acelerar a transformação digital das empresas portuguesas? 

N.P.: A esmagadora maioria das organizações nacionais estão comprometidas com a transformação digital, pois, nela reconhecem uma maior probabilidade de eficiência de processos, de desenvolver um relacionamento mais profundo com os seus clientes, bem como a oportunidade de criar novas fontes de receita de produtos e serviços baseados em tecnologia. Não obstante, é fundamental reconhecer-se que, em Portugal, apenas uma pequena percentagem das organizações se sente Best in Class nesta temática, sendo que os restantes ainda estão em fases precoces no processo de transformação digital.

Assim, é fundamental que as organizações adoptem uma postura, sobretudo, de adaptabilidade "à mudança", associada a uma mudança de mentalidade, por parte dos quadros executivos. É necessário reconhecer-se que a transformação digital não é um tema exclusivo de apenas alguns departamentos, ou do IT. A Transformação Digital é um movimento transversal a todos a organização. 

E.D.: Como é que as empresas devem tirar o máximo valor da adoção de tecnologias digitais e reforçar o crescimento? 

N.P.: O Digital abriu um "novo mundo" às empresas e veio revolucionar a forma como as empresas fazem negócio. Este último veio democratizar oacesso aos dados e esse, diria, é um dos pontos mais importantes de que as organizações podem tirar partido. Hoje em dia, graças ao canal digital e ao facto de tudo e todos estarem interligados entre si, é possível obter um conjunto de dados e métricas sobre os consumidores que antes, sem tecnologia e sem o digital, não era, de todo, possível. Conhecer hábitos de consumo, conseguir caracterizar oconsumidor até ao ínfimo detalhe, estabelecer padrões, até, com recurso à inteligência artificial, prever futuros comportamentos, é algo que oferece aos gestores e aos marketeers, por exemplo, as bases para construir um negócio mais rentável e mais bem sucedido.
 
Em segundo lugar, destacaria todos os temas relacionados com a Customer Experience. O Canal digital veio abrir mais portas à interação entre Cliente e Empresa, facilitando essas mesmas interações entre marcas e consumidores. O eCommerce é apenas um exemplo, ao qual se acrescenta, por exemplo, a desmaterialização de processos, a possibilidade, por exemplo de contatarmos um serviço de forma totalmente online, sem papel, e com uma assinatura digital, por exemplo. Este é outra área que pode ser fortemente explorada pelas organizações, também ao nível do Customer Service. Imagina, por exemplo, abrir uma conta num banco, ou abrir a conta de electricidade, através de um bot, sem ter que se deslocar ou sem ter que imprimir contratos, simplesmente interagindo com um bot, na forma escrita ou em linguagem natural... já é possível! O potencial do Digital é imenso e apenas referi dois pequenos exemplos voltados para o cliente/consumidor, mas é aplicavel a toda a cadeia de valor, os avanços, por exemplo, nas operações, logistica, processos, por exemplo, tem sido gigantesco, melhorando drasticamente a eficiência das organizações e, com isso, promovendo o seu crescimento. 

E.D.: Para serem competitivas e bem-sucedidas num mundo dominado pelo digital, o que as empresas devem ter em consideração para os próximos anos?

N.P.: Sem dúvida, há que se reforçar a questão da segurança e da necessidade de as Organizações a colocarem em primeiro lugar, nas suas agendas. Cada vez mais, os clientes vão atribuir importância à questão da fiabilidade dos serviços e experiências digitais, bem como, à segurança dos seus próprios dados, como sendo um factor determinante na relação entre ambos. Assim sendo, é, não só vital, que as empresas reforcem o seu nível de segurança, através de uma gestão de IT que lhes permita cobrir as necessidades do seu negócio, como assegurar temas como compliance, privacidade, ética e qualidade de serviço 

Também, a visão de Data as a Product será cada vez mais preponderante e representa uma mudança de mentalidade sobre o uso de dados, na medida em que estes passam a ser a base para a definição da estratégia de negócio, com intuito de optimizar os resultados. Exemplo desta tendência, é a abordagem Data Mesh, que consiste numa arquitectura de dados, descentralizada, em que os dados são tratados como um produto. Nesta visão, cada domínio de informação tem um owner responsável por definir as suas regras, o seu plano de evolução, o seu valor e como devem ser encarados dentro da organização, não necessitando de uma equipa especializada para o fazer.

Por último, a Experiência do Cliente é crescentemente relevante, na gestão do ciclo de vida do cliente, sua satisfação e melhoria das suas taxas de conversão. A jornada do cliente vai ser basilar, exigindo um reforço da gestão da estratégia omnicanal e da personalização. Em ambos os casos, o futuro passará pela inteligência artificial, quer no que concerne à implementação de novas formas de interação, como é ocaso de chatbots, como também na personalização do conteúdo ou até na sua capacidade preditiva. Actualmente, com recurso à Inteligência Artificial e Machine Learning é possível compreender hábitos e padrões de consumo, conhecer os comportamentos e preferências do Consumidor e, no limite, prever quando esse cliente terá necessidade de adquirir um determinado produto ou serviço

E.D.: Como é que as tecnologias disruptivas como a IA, big data, blockchain ou realidade virtual e aumentada podem marcar a diferença na transformação tecnológica? 

N.P..: A grande maioria das tecnologias disruptivas são ou foram game-changers quando surgiram, pois, promoveram transformações profundas nas organizações. Estas tecnologias são altamente transformadoras da forma como os negócios operam ou como a sociedade se organiza. Vejamos, por exemplo, o Big Data e a transformação que promoveu nas empresas, conferindo-lhes enorme vantagem competitiva, diminuindo margem de erro, aumentando eficiência das mesas e, no fim último, maiores receitas.

São estas disrupções tecnológicas que promovem saltos significativos nas economias mundiais e são as grandes responsáveis para a grande aceleração digital que temos vivido A aceleração digital, à que se junta o contexto de escassez global de talento nas áreas da tecnologia, têm sido o grande desafio das Tis na atualidade. Também com esta aceleração digital se inaugurou um novo tempo e um novo paradigma. Todos os analistas apontam para uma visão de futuro em que o IT se "funde" com o negócio, dentro das organizações. Uma visão que exige, por um lado, gestores cada vez mais "letrados" em termos tecnológicos e, por outro lado, profissionais das Tis cada vez mais conhecedores do negócio e envolvidos na operação das empresas. O tempo dos "silos" em que o IT era visto quase como um "mal necessário" nas organizações, já lá vai. O presente e o futuro exigem maior agilidade às organizações e isso passa por uma mudança cultural profunda e uma alteração radical do papel do IT nas organizações. O IT tem que ser parte da solução, um motor constante de inovação, um potenciador do negócio, sendo capaz de resolver efectivamente os desafios que são colocados. No fundo, o IT tem que deixar de ser uma peça final no processo, em que se limita a responder às solicitações dos restantes stakeholders para passar a fazer parte na ideação da própria solução, na sua fase inicial. Isso obriga, como referi, a que os gestores sejam cada vez mais tecnológicos e nativos digitais e que os "ITs" percebam cada vez mais do negócio das empresas onde trabalham e não se limitem apenas a ser bons tecnicamente nas suas áreas de conhecimento. Em suma, o IT tem que ser um driver de inovação e ser o primeiro agente de mudança e transformação nas empresas.

Publicado em Executive Digest