Por Teresa Gândara Lopes, Human Capital director na Noesis
Há cada vez mais rotação de talentos nas organizações e, as novas gerações que entram no mercado de trabalho têm diferentes ambições e visões para a sua carreira profissional, valorizando diferentes experiências, desafios constantes, carreiras internacionais.
Para além disso, a escassez de profissionais qualificados, em especial, no sector das tecnologias da informação, tem-se revelado um dos maiores desafios que as organizações têm pela frente.
Combinados todos estes factores e, acrescentando ainda a forte prevalência do remote work no actual ecossistema organizacional, é cada vez mais frequente a existência de equipas multinacionais e multiculturais na organização. Colaboradores oriundos de diferentes países, geograficamente dispersos, com culturas e hábitos laborais distintos, com diferentes experiências profissionais, acrescentam muita riqueza a qualquer organização e criam ambientes e equipas vibrantes e inovadoras. É fácil compreender que esta diversidade acrescenta inúmeros benefícios, tanto para a empresa como para os próprios membros da equipa, seja através da partilha de diferentes perspectivas de modelos de trabalho ou até mesmo diferentes visões do mundo. No entanto, acrescenta também novos desafios aos gestores e responsáveis das organizações. No que toca aos profissionais de Recursos Humanos, são necessárias competências específicas para melhor gerir equipas multiculturais.
Na Noesis, já tivemos talentos de 28 nacionalidades distintas, por isso, partilho três dicas que considero úteis para melhor gerir equipas multiculturais:
1. Considerar todos os estilos de comunicação
Pessoas diferentes comunicam de forma diferente. As culturas têm os seus próprios estilos e regras de comunicação e estas especificidades podem ser prejudiciais para a eficácia de comunicação entre os vários membros da equipa. Neste sentido, é fundamental que os profissionais de Recursos Humanos, e principalmente as lideranças aos vários níveis, tenham a capacidade de se adaptar a cada indivíduo e a escolher o melhor estilo de comunicação para a cada situação.
2. Cultivar espaços seguros
Quando gerimos uma equipa multicultural é fundamental a criação de espaços seguros para os nossos talentos. Espaços e momentos onde os colaboradores se sintam confortáveis e incluídos, canais de comunicação que permitam que possam reportar alguma eventual dificuldade, promovendo uma melhor comunicação e a resolução de problemas de forma mais rápida e eficaz. É verdade que comunicação ineficaz pode ocorrer em qualquer situação do nosso quotidiano, mas quando estamos perante um contexto multicultural a probabilidade de acontecer é maior. Neste sentido, os talentos e as equipas necessitam saber que há espaço na organização para que possam expressar a sua opinião ou relatar qualquer situação que lhes provoque algum tipo de desconforto.
3. Promover uma cultura de Diversidade e inclusão
Actualmente, perante uma realidade cada vez mais global, é imperativo que os colaboradores de uma organização estejam abertos aos valores, hábitos, costumes de diferentes culturas. É fundamental criarmos organizações com uma cultura de inclusão, abertas à diversidade. Por isso, compreender as diferenças culturais entre os nossos talentos revela-se fundamental para o futuro do actual ecossistema organizacional. Uma empresa diversa e inclusiva é uma empresa mais inovadora, produtiva e, também, mais atractiva no mercado de trabalho para recrutamento de novos talentos.
É cada vez mais evidente que as empresas sem diversidade cultural estão em pior situação quando comparadas com equipas mais diversificadas. No entanto, esta cultura exige também que se implementem novas práticas de liderança e de gestão de talento. Equipas diversificadas requerem uma liderança diversificada. Requerem um local de trabalho que lide de forma sensível e proactiva com as diferenças culturais. E acima de tudo, os talentos precisam de sentir que a sua perspectiva individual é tão valorizada como qualquer outra. As empresas dispostas a desenvolver conscientemente o seu quociente cultural podem então colher confortavelmente os frutos da diversidade
Publicado em Human Resources Portugal